O risco de enfrentar um rival de alto nível como a França já na primeira fase da Copa do Mundo é algo a que o Brasil não está acostumado há quatro décadas: o Mundial de 1970, no México, foi o último em que a seleção teve uma pedreira em seu grupo na etapa inicial.

De lá para cá, o Brasil até pegou na primeira fase times que iriam longe na competição, mas certamente não estavam entre os candidatos ao título. Recorde agora como o Brasil iniciou sua participação nas Copas dos últimos 40 anos.


1970 – Grupo da morte
Se houve uma Copa em que o Brasil enfrentou um “grupo da morte” foi em 1970, no México. A Inglaterra era a atual campeã mundial, a Tchecoslováquia tinha um time forte – embrião do que seria campeão europeu, em 1976 – e a Romênia também era considerada um adversário complicado. Liderada por Pelé, a seleção venceu todo mundo e embalou para a conquista do tricampeonato.

1974 – O primeiro africano
Quatro anos depois, na Alemanha Ocidental, o Brasil teve problemas na primeira fase, que teoricamente era considerada fácil: empatou com a Iugoslávia e a Escócia, ambos por 0 a 0, e só se classificou graças a uma sofrida vitória por 3 a 0 contra o Zaire, o primeiro adversário africana da seleção na história das Copas.

1978 – Sofrimento com europeus
Na Argentina, o Brasil foi sorteado num grupo com três seleções europeias, mas nenhuma delas de primeiro escalão – o time da casa, por exemplo, caiu num grupo com Itália e França. Mais uma vez, no entanto, o time nacional começou mal: empatou com a Suécia por 1 a 1 e com a Espanha por 0 a 0. Só conseguiu avançar à segunda fase com uma vitória por 1 a 0 diante da Áustria.

1982 – Aproveitamento 100%
A Espanha viu o primeiro inchaço da Copa do Mundo, com 24 seleções, o que diminuiu a possibilidade de clássicos na primeira fase. O Brasil caiu no mesmo grupo da União Soviética e da Escócia, duas seleções de nível médio, e de uma Nova Zelândia formada por jogadores amadores. Conseguiu três vitorias: 2 a 1 sobre os soviéticos, 4 a 1 nos escoceses e 4 a 0 nos neozelandeses. Mas, como o torcedor dolorosamente sabe, a seleção perdeu na segunda fase para a Itália.

1986 – Mais vitórias
A Espanha foi a primeira rival do Brasil na Copa de 1986, no México, e deu bastante trabalho: a seleção só venceu por 1 a 0, num gol chorado de Sócrates, e até hoje os espanhóis reclamam de um chute de Michel em que a bola bateu dentro do gol, mas o juiz não validou o lance. Os outros adversários foram a Argélia, vencida também por 1 a 0, e a Irlanda do Norte, que o Brasil derrotou por 3 a 0. Mas a seleção caiu nas quartas de final, derrotada nos pênaltis pela França.

1990 – Venceu, mas não convenceu
O chavão cai como uma luva diante do desempenho do Brasil na primeira fase da Copa da Itália, em 1990. Foram três vitórias por apenas um gol de vantagem sobre seleções que, na teoria, pouco assustavam: 2 a 1 sobre a Suécia, 1 a 0 sobre a Costa Rica e novo 1 a 0 contra a Escócia. O torcedor nem teve tempo de se empolgar: nas oitavas de final, uma derrota por 1 a 0 para a Argentina mandou o Brasil mais cedo para casa.

1994 – Ponto perdido
O sorteio do Mundial dos Estados Unidos foi bom para o Brasil, que passou com tranquilidade por seus dois primeiros adversários: 2 a 0 sobre a Rússia e 3 a 0 sobre Camarões – a seleção africana vinha de um honroso quinto lugar na Copa anterior, mas tinha um time envelhecido e mais preocupado em receber seus salários. No último jogo, um empate por 1 a 1 diante da Suécia fez com que a seleção perdesse o aproveitamento de 100% que vinha das três edições anteriores. O Brasil reencontrou os suecos logo depois, com uma vitória por 1 a 0 nas semifinais.

1998 – Derrota, 32 anos depois
O Brasil não perdia um jogo pela primeira fase da Copa do Mundo desde 1966, quando caiu após derrotas para Hungria e Portugal. Na França, em 1998, essa invencibilidade foi embora com o tropeço por 2 a 1 diante da Noruega, de virada. Mas o resultado não comprometeu: a seleção já tinha garantido o primeiro lugar no grupo depois das vitórias sobre Escócia, por 2 a 1, e Marrocos, 3 a 0.

2002 – Aquecimento para o título
O Brasil foi considerado o grande vencedor do sorteio na Copa de 2002, ao cair numa chave com Turquia, China e Costa Rica. Com a bola rolando, de fato foram os turcos que deram mais trabalho ao time brasileiro, que sofreu para vencer por 2 a 1, de virada, graças a um gol num pênalti inexistente – houve falta, mas fora da área. As goleadas posteriores contra China (4 a 0) e Costa Rica (5 a 2) serviram para o técnico Luiz Felipe Scolari ajeitar o time que conquistaria o pentacampeonato. A Turquia também mostrou força, chegando até às semifinais.

2006 – Aquecimento para o vexame
De novo o sorteio foi bom para o Brasil, colocando no caminho do time de Carlos Alberto Parreira a Croácia, a Austrália e o Japão. Sem grandes atuações, o Brasil venceu os três jogos – 1 a 0 sobre os croatas, 2 a 0 nos australianos e 4 a 1 diante dos japoneses. Mas, nas quartas de final, contra a França, aconteceu o que todo mundo lembra: derrota por 1 a 0 e eliminação. Que pode ser vingada já na primeira fase em 2010.

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